Em 2019, a Feira Preta chega à maioridade. O que nasceu como uma feira de produtos e serviços de empreendedores negros e se transformou em um instituto dedicado a fomentar o empreendedorismo negro a partir de diferentes iniciativas, agora olha para o futuro e celebra cada uma das etapas dessa jornada com um importante reposicionamento: o PretaHub, que passa a concentrar todos os projetos do Instituto Feira Preta com o objetivo de expandir o alcance dessas iniciativas junto à população e aos investidores.

“O PretaHub é o resultado de dezoito anos de trabalho do Instituto Feira Preta no mapeamento, capacitação técnica e criativa, aceleração e incubação do empreendedorismo negro no Brasil. É um hub de inventividade, criatividade e tendência pretas”, afirma Adriana Barbosa, fundadora da Feira Preta e presidente do PretaHub.

A empreendedora chama atenção para uma mudança relevante nos últimos vinte anos: a autodeclaração. Segundo ela, o fato de o jovem negro de hoje se reconhecer e se posicionar como negro muito mais rápido e naturalmente, coloca um novo tipo de demanda para o mercado e para a sociedade.

“A partir do momento que a população negra começa a aparecer na Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios], por exemplo, como maioria da população brasileira, a lógica muda, esse processo muda as relações no Brasil. Daí temos as cotas nas universidades, a inclusão racial no contexto corporativo, começamos a falar de consumo consciente e filantropia a partir da perspectiva negra”, observa.

A fundadora do PretaHub avalia, no entanto, que o avanço ainda se limita à autodeclaração. “Temos 131 anos pós abolição e só nos últimos 20 começamos a nos perceber e reconhecer como negros. É um processo cultural e também estrutural. E esse é o grande gap: aceleramos nesse processo de autodeclaração, mas não nos processos de equidade. Somos um Brasil negro, então precisamos ocupar de forma equânime todos os lugares. O de consumidores, mas também o de líderes, os espaços de tomada de decisões”, defende.

Representatividade

Para Adriana, a tarefa do investimento social privado na agenda é dar ao debate racial um caráter sistêmico. “É preciso pulverizar os recursos e ações destinadas ao tema da equidade racial. É papel de todas as organizações do setor fazer desse debate uma prioridade de suas agendas.”

Às organizações que desejam investir no tema, a empreendedora recomenda o acesso aos dados da pesquisa A Voz e a Vez – Diversidade no Mercado de Consumo e Empreendedorismo, realizada pelo Instituto Locomotiva com apoio do Itaú a pedido do Instituto Feira Preta. O estudo ouviu proprietários de empresas e empreendedores que fazem parte da Feira Preta e reuniu o material com dados públicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além da base de dados do próprio instituto de pesquisa.

A pesquisa mostra que, representando 54% da população brasileira, as pessoas negras movimentam uma renda própria de R$ 1,7 trilhão por ano. Cerca de 14 milhões são empreendedores (29% da população negra), que movimentam R$ 359 bilhões em renda própria por ano. Se formassem um país, este seria o 17º em consumo no mundo e 11º em população. Mesmo assim, a média salarial de um empreendedor negro (R$ 1.420) equivale à metade da média de remuneração de um empreendedor branco (R$ 2.827). A maioria (39%) está na faixa dos 35 a 49 anos e 53% têm o Ensino Fundamental completo. 82% não têm Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e 57% diz sofrer preconceito na hora de abrir seu próprio negócio no Brasil.

O estudo também constatou que, apesar de ter uma grande representatividade entre produtores e consumidores, a população negra sente o racismo presente nas relações institucionais e não se identifica com a comunicação. Mais de 90% das campanhas têm protagonistas brancos e 72% dos consumidores negros consideram que as pessoas que aparecem na publicidade são muito diferentes deles. Dos entrevistados, 82% dizem que gostariam de ser mais ouvidos pelas empresas.

Projetos

O PretaHub atua nos quatro pilares (criação, produção, distribuição e consumo) do mercado de produtos e serviços voltados à estética e cultura negra, realizando um trabalho de articulação entre a oferta e a demanda.

Para isso, o negócio desenvolve quatro programas principais: (Continuar artigo)

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Leia o artigo completo em: https://gife.org.br/pretahub-incentiva-inventividade-criatividade-e-tendencia-do-empreendedorismo-negro-no-brasil/

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